sábado, 28 de novembro de 2015

Algo sobre amizade

Durante o segundo ano do colégio, a professora passou um trabalho, no qual cada aluno deveria criar um cartaz sobre a Revolução de 1932. Mais da metade da classe pediu minha ajuda, pois todos sabiam que eu desenhava. E eu desenhei pra eles... porque, até então, minha consciência das coisas era próxima a zero: se eu não fizesse, não seria um "cara legal", estaria "pisando na bola". Meu colega de carteira observou tudo aquilo e, pouco depois, chamou-me para conversar.

Ele fez-me ver o que eu, na minha ignorância, deixei de perceber: em circunstâncias normais, muitos daqueles para os quais eu desenhei mal me cumprimentavam ou conversavam comigo. Apenas me procuraram por puro interesse. Mas, o mais importante não foi o que meu amigo disse e sim a atitude demonstrada por ele: embora não soubesse desenhar, ele fez sozinho o seu trabalho! Em momento algum quis aproveitar-se de nossa amizade para pedir favores.

E quanta gente age assim; quantos procuram nossa "amizade" unicamente para obter vantagens! Lembro que, em uma conversa, ouvi este comentário absurdo (não a meu respeito): "Se a pessoa é sua amiga mesmo, vai fazer esse desenho pra você". Se não fizer, então...adeus amizade? Algo que termina por tão pouco só pode ser falso e nem se deve lamentar por ter acabado!

Terminado o colégio, nunca mais encontrei esse meu colega. Infelizmente, não me recordo de seu nome e é bastante provável que ele já nem se lembre de mim... nossas memórias se perdem com o tempo, muita coisa acaba sendo esquecida, por mais que a gente queira conservar.

Entretanto, o essencial, o que meu amigo mostrou-me sobre amizade verdadeira, é algo que não se esquece... e, na minha opinião, mereceu ser contado aqui.


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