quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre Autocrítica

Em um artigo sobre um desenhista, do qual ficarei devendo o nome, li o seguinte: "Ele era muito exigente consigo mesmo. Caso não estivesse satisfeito com a tira de jornal que estava fazendo, jogava-a no lixo, mesmo estando ela quase finalizada... e começava tudo de novo."

Aí está alguém com verdadeira autocrítica! A atitude desse artista tem suas vantagens: você joga fora o primeiro desenho e o segundo geralmente sai melhor. Entretanto, há o risco da autocrítica passar a ser excessiva e virar perfeccionismo. Muita gente encara o perfeccionismo como uma qualidade, justamente por confundí-lo com a autocrítica. Na verdade, ele é o exagero da autocrítica e algo bem pouco saudável.

O perfeccionista tende a ver defeitos onde eles não existem ou são pouco importantes: se o artista colocou um pequeno vaso fora de lugar em um quadro, isso "estragou a obra inteira", na visão dele. Será que estragou mesmo? Talvez pouca gente tenha notado o tal vaso ou achado algum erro nele... e se achou, é possível ter julgado um erro aceitável.

Além disso, é comum a falha estar em apenas um ou dois elementos do desenho e talvez compense mais corrigir os erros do que rasgar tudo! Mas quando fazer uma coisa e quando fazer outra? Só experimentando para saber a resposta...

Se autocrítica demais é ruim, bem pior é a falta dela. Quantas vezes já vimos pessoas postarem desenhos que elas pensam ser mangá... e que, na realidade, tem pouco a ver? Examinando-se esses trabalhos, nota-se que os traços não tem beleza, nem precisão e o artista teve pouca paciência com os detalhes. Ou seja, é justamente o contrário do estilo normal do quadrinho japonês!

Quase todos concordarão que autocrítica é algo necessário ao artista... entretanto, ela deve ser equilibrada. Se for excessiva, a pessoa valorizará mais os defeitos do que as qualidades do seu trabalho; se for menor do que o necessário, o desenhista não enxergará o que deve ser corrigido.

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